From Paris down to Turkey: Liverpool 1–0 Club Brugge

Luiz Felipe Gomes Santos
3 min readMay 27, 2019

A série a seguir conta a história dos cinco triunfos do Liverpool na Champions League, um por um.

Após o triunfo no Stadio Olimpico, o Liverpool fez campanha impecável para chegar a final em Wembley, em 88, e ter a chance de defender seu posto de Rei da Europa. Deixando para trás Dynamo Dresden, Hamburgo, Benfica e Borussia Monchengladbach na semifinal, o Liverpool chegava a final como favorito.

Esse título é poético em muitos sentidos, pois Kenny Dalglish se apresentou em sua primeira temporada como jogador do Liverpool e mostrou que seria um herdeiro mais que merecedor da camisa 7, brilhantemente defendida por Kevin Keegan anteriormente — Keegan que cruzou nosso caminho com o Hamburgo, apenas para ser derrotado por 6–0 em Anfield. Outra sub-história da campanha é mais uma batalha entre Liverpool e Gladbach, com os Reds mais uma vez vencedores, eliminando os alemães nas semifinais um ano depois do título europeu em cima dos mesmos. A final em Wembley era o cenário perfeito para a segunda “orelhuda”.

Como esperado, a grande maioria dos 92,000 torcedores em Wembley eram do Liverpool e as comemorações foram muito maiores do que as vistas em Roma. Apesar do grande favoritismo, o Liverpool demorou para exercer algum tipo de autoridade no jogo, com os dois times se estudando muito em campo.

Graeme Souness tentou de longe e a bola passou muito perto do travessão em um ponto. Logo antes do intervalo, Terry McDermott deixou David Fairclough muito perto de marcar, mas o goleiro Jensen saiu no seu pé para travar o chute. No segundo tempo, McDermott saiu na cara do gol logo no começo e um cenário parecido com o de Roma se apresentava, com Terry abrindo o placar. Jensen, no entanto, fez outra ótima defesa.

Apenas aos 64 minutos o placar foi alterado pela primeira — e única vez. Graeme Souness pegou rebote da defesa do Brugge na entrada da área, atraiu três marcadores e achou Kenny Dalglish sozinho dentro da área. O ‘King’ dominou e tocou com categoria, na saída de Birger Jensen.

Parecia que a partir dali o Liverpool dominaria o jogo, faria mais gols e garantiria o título sem maiores dificuldades. Longe disso…

Aos 40 minutos do segundo tempo, Alan Hansen hesitou num lance aparentemente simples e deixou Jan Sørensen entrar sozinho dentro da área. Ray Clemence saiu nos pés do atacante do time belga e fez grande defesa. No rebote, no entanto, Jan Simoen pegou a sobra e tinha o gol aberto a sua frente. O gol parecia certo, até que Phil Thompson chegou milagrosamente na bola, para afastar o perigo no exato momento em que a bola estava em cima da linha.

Foi um dos poucos ataques do Brugge, que passou muito tempo feliz em ceder posse ao Liverpool durante o jogo todo e só viu a necessidade de atacar após o gol, mas foi neutralizado por boa parte do tempo. Os homens de Paisley não foram brilhantes, mas dominaram o jogo em largas porções e criaram chances o bastante para serem campeões com tranquilidade e seria uma injustiça a taça sair de Merseyside após os 90 minutos.

O 1–0 foi mentiroso mas, ao mesmo tempo, simbólico. Se em Roma a performance de Kevin Keegan o imortalizou como uma lenda do Liverpool, o gol solitário de Kenny Dalglish foi o primeiro momento de glória de uma carreira que viria a ser gigante. O herdeiro da camisa 7 se apresentou ao mundo de forma brilhante e garantiu o bi-campeonato do Liverpool — que tornou-se o primeiro inglês a ser bi-campeão europeu.

Liverpool: Clemence; Neal, Thompson, Hansen, Hughes; Case, McDermott, Souness, Kennedy, Dalglish, Fairclough.

Club Brugge: Jensen; Bastijns, Leekens, Krieger, Maes; Cools, van der Eycken, Ku, de Cubber; Simoen, Sorensen.

Gols: Kenny Dalglish 64'

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